3 de junho de 2011

7º Fichamento

Caracterização clínico-laboratorial de chagásicos hipertensos sem insuficiência cardíaca manifesta, Bertanha L.; GuarientoM.E; MagnaL.A.; AlmeidaE.A., Rev. Soc. Bras. Med. Trop. v.41 n.2 Uberaba mar./abr. 2008




  A hipertensão arterial sistêmica é um dos fatores de risco mais importantes para doença cardiovascular. Daí decorre, em grande parte, a relevância de se estudar e conhecer melhor os eventos que contribuem para a gênese dessa enfermidade crônica. Na população em geral, os indivíduos que apresentam maior risco para desenvolver HAS são os mais obesos, não-brancos, de idade mais elevada, e portadores de diabetes mellitus.
  Esta enfermidade ocorre quando a relação entre o débito cardíaco e a resistência vascular periférica está alterada. Ora, na enfermidade de Chagas, esses dois fatores podem sofrer modificação. A infecção peloTrypanosoma cruzi acomete as terminações nervosas parassimpáticas e afeta, em menor grau, os neurônios do sistema nervoso simpático. Pode-se considerar a possibilidade de elevação dos níveis pressóricos associada a uma desrregulação neurovegetativa com predomínio do tônus simpático, embora haja divergências quanto à prevalência de hipertensão arterial entre os chagásicos, quando confrontados com a população em geral. De qualquer modo, já foi aventada a possibilidade de que fatores etiopatogenéticos implicados na moléstia de Chagas possam contribuir para a elevação pressórica.
  Por outro lado, a associação de doença de Chagas com transtornos de ansiedade (12,8%) não evidenciou diferença ao se comparar os grupos CH e NCH (p = 0,110). Já se registrou maior predisposição dos chagásicos a condições que podem gerar ansiedade, seja pela precariedade social, seja em função do estigma da doença, que levam a distúrbios cognitivos e psicossociais, além de discriminação no campo médico-trabalhista. Tal condição pode se relacionar a níveis pressóricos cronicamente elevados31; entretanto, nesse estudo não se observou maior índice de transtornos de ansiedade no grupo CH.
  A presença de obesidade só foi registrada em 17 pacientes (13,6% do total), não apresentando diferença significativa entre os grupos CH e NCH, apesar de ser um fator de risco conhecido para a hipertensão arterial. Em contrapartida, o IMC mostrou tendência à significância quando foram comparados estes mesmos grupos (p = 0,061), demonstrando que pode ter havido um sub-registro do diagnóstico de obesidade, que interferiu na análise desta variável.
  Finalmente, é preciso considerar a relevância da associação entre enfermidade de Chagas e hipertensão arterial, à medida que os portadores dessa infecção envelhecem. É fundamental diagnosticar e avaliar a influência da hipertensão arterial, particularmente nos chagásicos em idade mais avançada, pois essa condição mórbida aumenta o risco de deterioração para o sistema cardiovascular, o que pode contribuir para uma repercussão bastante negativa na qualidade de vida dos portadores crônicos da doença de Chagas.

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