30 de maio de 2011

2º Fichamento

PROJETO GENOMA HUMANO E ÉTICA, MAYANA ZATZ . São Paulo Perspec. vol.14 no.3 São Paulo July/Sept. 2000





  Os avanços na tecnologia da biologia molecular têm sido tão rápidos que o número de testes genéticos disponíveis, tanto para características normais como patológicas, estão aumentando dia a dia. Enquanto as questões éticas estão sendo debatidas no âmbito acadêmico, os laboratórios estão disputando a possibilidade de desenvolver e aplicar testes de DNA, pois do ponto de vista comercial os interesses são enormes. Só para exemplificar, estima-se que nos Estados Unidos haveria cerca de 30 mil famílias em risco para a doença de Huntington, 36 mil famílias para distrofia miotônica, de três a cinco milhões de pessoas para doença de Alzheimer e um milhão de mulheres portadoras de mutações nos genes BRCA1 e BRCA2.
  O projeto genoma humano tem como objetivo identificar todos os genes responsáveis por nossas características normais e patológicas. Os resultados a longo prazo certamente irão revolucionar a medicina, principalmente na área de prevenção. Será possível analisar milhares de genes ao mesmo tempo e as pessoas poderão saber se têm predisposição aumentada para certas doenças, como diabete, câncer, hipertensão ou doença de Alzheimer, e tratar-se antes do aparecimento dos sintomas. As vacinas de DNA poderão eliminar doenças como a tuberculose ou a Aids. Os remédios serão receitados de acordo com o perfil genético de cada um, evitando-se assim os efeitos colaterais. Paralelamente a esses avanços, inúmeras questões éticas já estão sendo discutidas e outras irão surgir. Na prática, entretanto, já estão sendo desenvolvidos testes genéticos para a escolha do sexo de futuros bebês e bancos de DNA da população. Um número crescente de laboratórios oferece testes de DNA para doenças hereditárias ou para determinar se uma pessoa tem maior risco de desenvolver certas doenças como câncer ou doenças cardíacas. 

  Nos últimos anos, inúmeros pesquisadores vêm tentando identificar genes de suscetibilidade para doenças psiquiátricas ou distúrbios de comportamento. Descobriu-se, por exemplo, um polimorfismo ligado ao gene transportador da serotonina que causa uma recaptação diminuída dessa substância na fenda sináptica. Trabalhos recentes confirmados na nossa população mostraram que pacientes com doença de Alzheimer e distúrbios psiquiátricos (depressão maior, distimia e doença bipolar) diferem quanto a esse polimorfismo em comparação com controles normais. Em um estudo muito interessante realizado na Noruega verificou-se que, entre os alcoólatras, aqueles que se tornam agressivos sob o efeito do álcool também diferem dos não-agressivos em relação a esse polimorfismo.
Já no caso de doenças genéticas, a identificação de genes deletérios é fundamental para o diagnóstico diferencial de doenças clinicamente semelhantes, para a prevenção (pela identificação de portadores com risco de virem a ter filhos afetados e por diagnóstico pré-natal) e para futuros tratamentos.
  Do ponto de vista ético, entretanto, a detecção de portadores de genes deletérios pode ter conseqüências totalmente diferentes, pois distinguem-se basicamente dois grupos: os portadores assintomáticos, nos quais o risco de uma doença genética só existe para a prole, como no caso da herança autossômica recessiva ou recessiva ligada ao X; e os portadores sintomáticos ou pré-sintomáticos, nos quais o risco existe tanto para a prole e para si mesmos, como o caso da herança autossômica dominante.


OBS: 2ºFichamento espero que gostem,achei bem legal apesar de não ser muito fã de leitura...
Aproveitem!

29 de maio de 2011

Uma Emoção Grande!!!
Todos somos iguais...


Onde o mundo se torna pequeno para nossas fantasias...

  (foto do site da APAE)
Onde tudo e todos são felizes e não tens medo de encarar a vida!
Ser diferente é ser normal!

1º Fichamento

Caracterização genética e fenotípica de isolados de Pyricularia do trigo
CRUZ,Maria Fernanda A ; MACIEL, L. M; PRESTES,A. M; BOMBONATTO,E.A.S; PEREIRA, J.F; CONSOLI, L.
Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS,Brasil. Trop. plant pathol. vol.34 no.6 Brasília nov./dez. 2009





A brusone do trigo causada pelo fungo Pyricularia grisea Sacc., cuja fase teleomorfa corresponde a Magnaporthe grisea,representa uma séria ameaça à triticultura brasileira desde o seu aparecimento nas lavouras brasileiras, em meados da última década de 80.A doença causa elevados danos na cultura do trigo principalmente nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Goiás.
Nas espigas, é observado o sintoma mais conhecido da brusone, que é o branqueamento e morte acima do ponto de infecção, além do escurecimento do ráquis.Quando há produção de grãos nessas espigas, os mesmos são enrugados, pequenos, deformados e com baixo peso específico. Apesar de menos freqüentes, também podem ocorrer sintomas da brusone nas folhas, os quais são representados por manchas, geralmente elípticas ou arredondadas, com margem marrom escura e centro acinzentado. As fontes de inóculo da doença são os hospedeiros secundários e os restos culturais de plantas cultivadas. O fungo também pode sobreviver em sementes infectadas. Os conídios são liberados dos substratos na fase saprofítica, sendo considerados leves e por isso podem atingir longas distâncias ao serem transportados pelo vento.As condições favoráveis à doença são: precipitação, temperaturas entre 24 e 28ºC, dias nublados e alta umidade relativa do ar.

Os experimentos foram realizados nos Laboratórios de Fitopatologia e de Biologia Molecular da Embrapa Trigo, em Passo Fundo, RS. Utilizou-se 18 isolados monospóricos de P. grisea de trigo, obtidos de amostras de plantas com sintomas de brusone, provenientes dos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais e Goiás. Realizou-se a assepsia do material, que permaneceu em câmara úmida por 24 h. Em seguida, com o auxílio de uma lupa procedeu-se o isolamento dos conídios. Os conídios foram transferidos para o meio ágar-água e, após 15 h, apenas os conídios germinados foram transferidos para o meio aveia-ágar até o desenvolvimento da colônia.

Os dados de polimorfismo de DNA dos isolados do fungo detectados via marcadores microssatélites e os resultados da reação das plantas jovens de trigo submetidas à inoculação com os mesmos isolados monospóricos foram analisados empregando-se a estimativa de similaridade genética entre os isolados. Desta forma foi necessária a construção de uma matriz de similaridade contendo dados binários para cada primer. Atribuiu-se o valor zero para ausência do alelo e valor 1 para presença do alelo. A ausência de amplificação de fragmentos por um isolado foi considerada como alelo nulo, e dados de isolados que amplificaram fragmentos em gel de agarose, mas não apresentaram a amplificação no seqüenciador foram considerados como dado perdido. A partir da matriz de similaridade genética foi possível gerar um dendrograma com base na análise molecular.

A amplificação do DNA dos isolados permitiu verificar a formação de fragmentos de DNA polimórficos e monomórficos. O primer PG 3 apresentou dois loci, em um deles foi possível amplificar um fragmento de 113 pb comum a todos os isolados e, no segundo, foram produzidos fragmentos de 126 e 127 pb. Este é o motivo pelo qual este primer (PG 3) aparece como PG 3a e PG 3b. Além disso, considerando todos os isolados utilizados no experimento, os únicos primers monomórficos foram o PG 3a, o PG 15 e o PG 20. O primer mais polimórfico foi o PG 5, o único que permitiu a diferenciação dos isolados do Rio Grande do Sul em relação aos demais.

Persistem as expectativas em torno da geração de cultivares de trigo que sejam mais resistentes à brusone, e que venham a minimizar os danos causados pela doença. Os resultados obtidos no presente trabalho fornecem um direcionamento para futuras ações de pesquisa com o objetivo de atender as expectativas mencionadas acima. É necessário investigar se a variabilidade genética do fungo é mais ampla do que a observada, seria interessante relacionar informações sobre variabilidade genética e aspectos como locais e genótipos onde os isolados são obtidos.

P.S:Esse é meu 1º artigo espero q esteje bonzinho professor.

4 de maio de 2011

Câncer: supervilão celular

 



  O câncer é uma doença genética de células somáticas – a manifestação de um genoma profundamente alterado.
  Ele emerge da multiplicação desenfreada e expansão clonal de uma única célula que, por meio de mutações cumulativas, perde as amarras sociais que ditavam seu bom comportamento no tecido e se torna, em essência, um sociopata celular.

Uma espécie enigmática

  A ideia dos organismos metazoários como sociedades celulares pautadas em rígidas regras de comportamento fica bastante evidente quando examinamos o ciclo de vida do Dictiostelium discoideum.Esta é uma espécie enigmática, que tem uma posição incerta na “árvore da vida”.
  Em certas fases, o Dictyostelium é unicelular e existe como ameba. Em outras fases, ele é multicelular e congrega várias amebas para formar tecidos diferenciados. Assim, transita livremente entre o mundo dos protozoários e dos metazoários.
  Enquanto ameba, o Dictiostelium se alimenta fartamente de bactérias e se divide nas poças de água dos bosques, formando o lodo. Se, por acaso, as condições ambientais se tornam hostis e o alimento fica escasso, algo espetacular ocorre.
Uma ameba começa a emitir ondas de uma molécula transdutora de sinal chamada AMP cíclico. Imediatamente, as outras amebas se congregam a essa célula marca-passo e formam um agregado multicelular (ver figura) que migra em busca de outro local com boas condições ambientais e comida abundante. O agregado multicelular então se diferencia em um talo e um corpo frutífero cheio de esporos. Após certo tempo, os esporos são liberados e se transformam novamente em amebas de vida livre.
De certa maneira, ainda temos um pouco de Dictiostelium, pois somos metazoários multicelulares, mas podemos também existir como formas unicelulares livres, as células germinativas (espermatozóides e óvulos). Aliás, a diferença entre as células germinativas, que vão formar futuras gerações, e as células somáticas, que constituem nosso corpo e morrerão com ele, é absolutamente fundamental.
   O câncer é um essencialmente um fenômeno que envolve células somáticas. Em mais de 95% dos casos ele não é passado para gerações futuras, pois não acomete as células germinativas. Todavia, em algumas famílias ocorre transmissão hereditária de mutações específicas que predispõem fortemente os portadores a desenvolverem tumores malignos.

Luz no final do túnel?

  Assim, podemos entender agora que o câncer é uma doença genética de células somáticas que emerge e evolui à custa de um grande número de mutações cumulativas em seu DNA.
Essas mutações acometem principalmente três classes de genes: os chamados oncogenes, os genes supressores de tumor e os genes de reparo do DNA. Entretanto, não existe um “genoma do câncer” – cada tumor tem seu conjunto individual de mutações.
  No mundo do câncer impera o mal e reina a anarquia – é o caos genômico. As células cancerosas mutantes dividem-se contínua e incontrolavelmente, são resistentes à apoptose, estimulam o crescimento de vasos sanguíneos para nutrir o tumor, quebram as interações com suas vizinhas, desgarram-se do tecido original e vão se alojar em locais distantes, no fenômeno da metástase.
Para conseguir evoluir darwinianamente no trajeto para a sociopatia e a criminalidade, uma célula cancerosa precisa sofrer um número enorme de alterações genéticas, o que seria improvável de ocorrer ao acaso.
Mas o que torna a célula cancerosa especialmente perigosa – um requinte de crueldade – é o momento em que ela sofre mutações nos próprios genes responsáveis pela manutenção da ordem e progresso no genoma. Dessa maneira, cria-se uma instabilidade genômica que vai propiciar a evolução do câncer.
Termino com uma nota positiva, pois talvez o feitiço possa ser virado contra o feiticeiro. Uma nova terapia muito promissora contra os tumores malignos que possuem mutações em genes de reparo de DNA é a “letalidade sintética”. Dois genes são sinteticamente letais se a mutação de um gene sozinho não é suficiente para tornar a célula inviável, mas a mutação simultânea de ambos provoca sua morte.
Se conseguirmos inibir outros genes de reparo que interagem com o gene de reparo mutado que o câncer está explorando, poderemos teoricamente matar as células cancerosas, poupando as células normais, que possuem cópias normais desse gene.
Uma publicação muito recente no periódico The Lancet mostrou que, realmente, o conceito parece funcionar na prática, pois tratamentos com inibidores da enzima poli(ADP-ribose) polimerase (PARP) foram capazes de induzir letalidade sintética em tumores de mama de mulheres com mutações nos genes BRCA1 ou BRCA2.
Esperamos que a letalidade sintética seja o tão esperado super-herói que vai nos ajudar a derrotar o câncer.